O alumínio é o metal mais reciclado no mundo. Mas,
como acontece no mercado de automóveis, "alumínio usado" não é a mesma
coisa que "alumínio zero km". Cada vez que o
alumínio é reciclado, vários elementos, como ferro, silício e zinco, bem
como elementos-traço, como sódio e chumbo, juntam-se ao metal,
produzindo uma espécie de "liga indesejável".
Até agora isso tem colocado limitações claras aos
usos do alumínio reciclado, devido às alterações nas propriedades do
metal reciclado em comparação com o metal novo. A
indústria vem dando um "jeitinho" diluindo o alumínio reciclado no
alumínio novo, de forma a diminuir a concentração dos elementos
indesejáveis até que eles atinjam níveis aceitáveis.
Solução nobre
Mas Yanjun Li e seus colegas do Instituto Sintef, na Noruega, acreditam que uma solução bem mais nobre pode ser obtida com a ajuda da matemática.
Mas Yanjun Li e seus colegas do Instituto Sintef, na Noruega, acreditam que uma solução bem mais nobre pode ser obtida com a ajuda da matemática.
O alumínio reciclado hoje acaba sendo direcionado
para a fundição. Mas os produtos mais nobres são feitos por laminação ou
extrusão, que exigem um material mais puro e com propriedades
homogêneas.
Na extrusão, por exemplo, um bloco sólido de
alumínio é prensado por uma gigantesca prensa contra um molde de aço que
contém os furos no formato exato da peça desejada - o alumínio deve
fluir perfeitamente para não gerar peças defeituosas.
"As impurezas que se acumulam no alumínio pelos
repetidos ciclos de reciclagem afetam as propriedades mecânicas do
material reciclado. No entanto, mudando a composição da liga, as
condições de temperatura e a velocidade do processo de homogeneização - o
estágio inicial em um processo de têmpera realizado antes da laminação e
da extrusão - é possível compensar isso," diz Yanjun.
Nobreza matemática
Se parece fácil, não é. Tentar encontrar a receita correta com tantos ingredientes a serem variados é praticamente impossível na base da tentativa e erro.
Se parece fácil, não é. Tentar encontrar a receita correta com tantos ingredientes a serem variados é praticamente impossível na base da tentativa e erro.
É aí que entra a matemática. Os cientistas estão
desenvolvendo modelos matemáticos e testando-os em experimentos de
laboratório. "Os resultados iniciais são animadores," diz Yanjun.
O objetivo final é desenvolver três modelos
diferentes, que vão mostrar como a microestrutura do alumínio reciclado é
afetada por várias modificações na homogeneização durante os processos
de extrusão e laminação.
Modelo de reciclagem
"Nós demonstramos que a ponto de escoamento das ligas pode ser aumentado em 50% modificando-se o processo de homogeneização. Em linguagem simples, isto significa que o material poderá ser dobrado muito mais antes de quebrar," afirma o pesquisador.
"Nós demonstramos que a ponto de escoamento das ligas pode ser aumentado em 50% modificando-se o processo de homogeneização. Em linguagem simples, isto significa que o material poderá ser dobrado muito mais antes de quebrar," afirma o pesquisador.
Segundo ele, o uso dos modelos matemáticos permitirá o uso do alumínio reciclado em virtualmente qualquer aplicação. O
que é uma boa notícia, uma vez que o aumento da reciclagem do alumínio
está produzindo mais matéria-prima do que o setor de fundição consegue
absorver.
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